20 de julho de 2009

Mais um dia de olho embaçado

Quando um pedaço do coração se vai, fica claro que não é preciso estar sempre perto para amar. Quando um pedaço do coração se vai, mesmo quando já se espera, é dolorido. Dói, porque é inevitável pensar como a história poderia ter sido diferente, é impossível não lamentar tudo o que se perdeu por coisas que não valeram a pena. Por que o ser humano insiste no orgulho, na ganância, na busca de miragens vazias, enquanto o que realmente importa está sendo perdido no meio do caminho? A vida é curta e imprevisível demais para ficarmos fingindo que ela não é real. Achamos que temos todo tempo do mundo para consertar o que nos machuca, para resolver o que está pendente, para falar o quanto se gosta das pessoas e o que elas importam na sua vida. Mas quanto mais temos tempo, menos a gente faz. E quanto menos a gente faz, mais a gente se entrega e deixa a vida levar. E quanto mais a vida leva, mais se esquece os motivos que fazem sorrir, que fazem chorar, que fazem sonhar, que fazem lembrar, que fazem amar, que fazem viver. E começa um piloto automático que só vê tudo passar. Só quando a contagem regressiva acaba que acordamos com o barulho do alarme. Bom seria se o despertador tocasse antes de ser tarde demais. A vida pode ser tão boa, tão simples, tão alegre, tão fascinante quanto um céu estrelado, mas só é possível enxergar isso quando se quer enxergar, assim como os milagres só acontecem quando ainda existe, um tantinho que seja de esperança e fé de que um dia tudo seja como tem que ser. Agora só ficam algumas lágrimas, lágrimas que podem até mesmo curar, tudo depende aonde elas vão cair.

2 comentários:

Unknown disse...

Será que é a correria de São Paulo que deixa esse sentimento de não dar a atenção devida às pessoas que merecem ou será que é o mundo inteiro? Tenho minhas dúvidas. Mas realmente vivemos com muitas informações, muitas referências, muitos estímulos que emocionam, que nos tiram do lugar, que nos fazem pensar. E muitas vezes nos ocupamos com tudo isso e esquecemos de agradecer, de dar bom dia, de sorrir. Eu mesmo me pego sendo antipático ou antissocial às vezes, mesmo sem motivo nenhum. Vida louca, né?

GizeldaNog disse...

Muito melancólico esse texto , minha linda! Mas,é inverno... tudo morre agora para renascer na primavera, incluindo os sonhos.
As lágrimas cairão no lugar em que deverão cair e tudo vai reverdecer.
Acredite.
Bjs.